Kites em Kathmandu
Saudações de Katmandu
Na última sexta-feira, eu tinha acabado de chegar e fiz este YouTube – Entrevista com a Geração Z… e também a newsletter da semana passada.
Desde a última newsletter, o Toni de Espanha chegou. Ele estava um pouco apreensivo em vir, dadas todas as notícias. Mas, como eu, está feliz por estar aqui.
O gerente do hotel onde estamos hospedados disse-nos que tiveram muitas cancelamentos. Ficou tão contente que aparecessemos que até nos deram um upgrade para os melhores quartos!
Nesta época do ano, início da temporada de escalada e trekking, normalmente o hotel estaria cheio… mas no pequeno-almoço vemos talvez apenas dois ou três outros hóspedes.
No outro dia, o Bicky, o nosso fornecedor de papel Lokta, levou-nos a uma cidade próxima para visitar uma fábrica de cerâmica… Bhaktapur – foi a primeira vez que estive lá. Eles têm um lugar chamado Praça da Olaria onde artesãos locais se sentam e fazem peças de cerâmica. Mas há muito mais nesta cidade épica. O Bicky tem amigos e familiares nessa cidade e todos vieram encontrar-se connosco. Tivemos uma visita especial a este lugar lindo e histórico. A esposa de um amigo do Bicky é, na verdade, arquiteta de património, e trabalha na restauração e preservação do património da cidade. De um restaurante no terraço, eu admirava um templo em camadas impressionante. Mais tarde soube que era precisamente um projeto de restauro dirigido por esta senhora.
Na saída de Katmandu, passamos por vários prédios queimados, outros com todas as janelas destruídas. O Bicky mostrou-nos que passamos pela Suprema Corte, completamente destruída. Ele disse que a maioria das pessoas acha que isso foi errado e não deveria ter acontecido. Mas houve uma grande fuga da prisão e ele acreditava que foram criminosos tentando destruir os registros. Uma pequena tenda foi erguida no terreno e Bicky contou que os casos mais importantes estavam sendo julgados lá. A vida está a voltar ao normal.
O nosso taxista disse-nos que uma coisa boa é que já não há polícia de trânsito para o chatear… e o trânsito lá se vai gerindo (tão caótico como antes), mas sem agentes mal-humorados a apitar e a mandar parar. A polícia, que estava a tornar-se cada vez mais brutal até o governo se demitir em bloco e desaparecer, agora quase não se vê. Em vez disso, há postos de controlo do exército e alguma segurança (embora pouco visível) que mantêm a ordem. A grande novidade por aqui é que a Geração Z, que começou tudo isto, agora está mobilizada para limpar e reparar os estragos onde pode. As redes sociais estão cheias de publicações a mostrar esquadras a serem pintadas e reparadas, e danos nas ruas a serem arranjados.
Bhaktapur
Fiquei surpreendido – Bhaktapur não é como Katmandu, é tão calma e pacífica – talvez pela falta de turistas – mas também incrivelmente limpa e arrumada. As pessoas são conhecidas por serem bondosas e gentis, e isso sente-se no ambiente do lugar. Depois do nosso tour VIP, almoçámos num terraço muito agradável… e a seguir fomos falar com alguns donos de fábricas de cerâmica que um amigo do Vichy conhecia. Tenho de dizer que fazem cerâmicas lindíssimas aqui, mas logisticamente não sei bem como trazer para a Europa nem se seriam realmente competitivas no mercado. Diz-me o que achas…
A praça da olaria é mesmo interessante… ao fim da tarde, quando já não está tanto calor, chega um camião com barro fresco vindo de uma pedreira local. À volta da praça existem pequenos ateliers de artesãos que recebem o barro e, quase como se fosse um espetáculo público, fazem a sua especialidade. Depois, no centro da praça, há um forno comunitário muito rústico onde se cozem as peças acabadas. É uma tradição muito antiga que nasceu da especialidade da cidade, que basicamente são os iogurtes frescos – ou “curd”, como eles chamam aqui. Por toda a cidade há bancas e lojas a vender curds servidos em taças de barro frescas… muito saborosos, quase como gelado mas, imagino eu, mais saudáveis. De qualquer forma, os potes são descartados depois de usados… Eu fiquei a ver um artesão a fazer exatamente esses potes… e pensei: que arte tão antiga, ainda viva.
Estou tão feliz por ter descoberto este lugar… um verdadeiro paraíso de artesãos. Acho que já tenho conteúdo suficiente para fazer um vídeo para o YouTube… vou tentar carregar alguma coisa mais tarde.
Entretanto, na UE…
Está a decorrer uma campanha de desconto até 30% – acaba em breve. É uma ótima altura para fazer stock, já a preparar a corrida para o Natal.
Vê abaixo.
Aqui no Nepal está agora a começar o festival de Dashain. É o maior deles e tem como grande tema o voo de papagaios de papel… já consigo ver o céu a encher-se deles. É uma tradição voar papagaios durante o Dashain: marcam o fim da época das monções, sinalizam aos deuses para pararem a chuva e simbolizam alegria e liberdade. E não são só as crianças – toda a gente participa, a voar papagaios dos telhados, muitas vezes em concursos amigáveis de quem consegue dominar melhor o vento.
Eu e o Toni já fomos convidados para uma festa de papagaios num terraço, ao que parece vai haver cerveja além dos papagaios…
De qualquer forma, desejo-te uma semana tranquila e divertida.
Namaste de Katmandu 🙏
David
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